25 maio 2007

Receita de Leitura


"O Cavaleiro da Armadura Enferrujada", de Robert Fisher


Dose da amostra

Ésquilo e Rebecca observaram o cavaleiro cair de joelhos, com lágrimas de gratidão escorrendo-lhe dos olhos. «Quase morri das lágrimas que não chorei», pensava. As lágrimas deslizavam pelo rosto, através da barba, até ao peito. E porque provinham do seu coração, eram extraordinariamente quentes e depressa derreteram o que restava da armadura.
O cavaleiro chorou de alegria. Não voltaria a colocar a armadura e cavalgar numa direcção qualquer. As pessoas não voltariam a ver o reflexo cintilante do aço, pensando estarem a ver o raiar do Sol a norte ou o ocaso a oriente.
Sorriu através das lágrimas, sem se dar conta de que uma luz nova, e radiante, emanava agora do seu ser e uma luz muito mais brilhante e mais bela do que a da sua armadura polida, uma vez resplandecente, como um ribeiro, cintilante como a Lua, ofuscante como o Sol.
Pois, em verdade, o cavaleiro era o ribeiro. Ele era a Lua. Ele era o Sol. Podia agora ser todas essas coisas ao mesmo tempo, e mais ainda, porque estava em uníssono com o universo.
Ele era amor.


Composição

“O Cavaleiro da Armadura Enferrujada”, de Robert Fisher é um daqueles raros livros que se encontram e se cruzam no nosso caminho, por sorte, duas ou três vezes na vida, que lemos e que têm o condão de nos modificar e de nos fazer encarar os outros e o mundo que nos rodeia de uma forma diferente.
É uma história de uma beleza invulgar, posso mesmo acrescentar, é um longo poema em prosa, de uma simplicidade comovente, feita de vocábulos simples, mas simultaneamente profundos, belos, expressivos e tão ricos que chegam ao mais profundo da nossa alma.
O Cavaleiro e a sua armadura somos nós, com as nossas limitações e barreiras, impostas por nós próprios e pelos outros. Somos nós que passamos ao lado das coisas belas e simples da vida sem as ver, ao lado dos amigos, dos colegas, dos nossos entes queridos sem os amar como merecem ser amados.
O Cavaleiro iniciou a sua viagem para se libertar da armadura que o incomodava, tal como nós o deveríamos fazer. Descobriu o silêncio, a verdade, a determinação, a magia e teve a coragem de chorar, de reconhecer o que estava errado na sua vida e de o modificar enquanto se purificava. Perdeu a armadura e passou a ser ele próprio, um ser cheio de amor, como todos nós deveríamos ser.
Como diz o nosso poeta “o sonho comanda a vida” e eu atrevo-me a acrescentar “…e o Amor também”.
Foi escrita por Robert Fisher em 1990, escritor com um currículo absolutamente notável, autor de programas de rádio e de TV, de guiões cinematográficos e de espectáculos para a Broadway. “O Cavaleiro da Armadura Enferrujada” foi o seu primeiro romance e consta do top dos livros mais inspiradores de sempre.

Indicações

“O Cavaleiro da Armadura Enferrujada” pela simplicidade das suas palavras, está indicado para crianças, jovens e adultos, é benéfico e constitui um ensinamento para todos os leitores qualquer que seja a sua idade. Está também indicado quando sofremos sem saber o que temos ou quando desejamos mais do que o simples quotidiano da nossa vida.

Precauções

Não deve ser lido só por nós, no silêncio do nosso cantinho acolhedor, mas sim compartilhado por todos aqueles que procuram a verdade, o conhecimento e o amor pelos outros e pelas coisas simples e tão bonitas da vida.
Não deve ser lido por quem não é sensível e não tem um espírito aberto ou por quem, por muito que faça, não consegue tirar a sua “armadura”, ou não se apercebe de que a tem colocada.

Posologia

Deve ser lido todos os dias. Não de doze em doze ou de oito em oito horas, mas sempre que sintamos que nos falta algo que nos anime, sem medo de sobredosagem, pois o amor é inócuo.

Outras Apresentações

Foi o primeiro romance de Robert Fisher nomeado quatro vezes para o prémio Humanidade, que escreveu também para a maior parte dos comediantes do nosso tempo e foi autor ou co-autor de mais de quatrocentos programas de rádio, de cerca de 1000 programas de TV, de diversos guiões cinematográficos e de numerosos espectáculos para a Broadway. Escreveu também cerca de vinte livros sobre telas educativos.
Aconselhamos também a leitura de outras obras suas como “O Gato que encontrou Deus”, “Jogos para Pensar”, “Valores para Pensar” e “O Cavaleiro silencioso e outros Relatos”.

(Receita de Leitura prescrita por Olga Macedo)

3 comentários:

Anónimo disse...

Olá, colega Olga

Desconhecia o livro de Robert Fisher a que aqui fazes referência. Por aquilo que aqui escreves, deve ser bem interessante, vou ficar de olho nele, um dia destes coloco-o no saco das compras.
Gostei da receita.
Bom trabalho!

Jack Duarte disse...

Olga,

para mim este é "um" dos livros acerca da amizade e de valores que promovem a ética. Um belo exemplo do que é uma viagem interior.
Obrigada!

Biblioteca Rodrigues de Freitas disse...

Descobri o livro há 2 anos e desde ai nunca mais parei de o divulgar, oferecendo a amigos, conhecidos vizinhos.
É sempre sombra de dúvida um livro recheado de lições profundas através de simples vocábulos.
Todos temos de vez em quando que repensar a nossa armadura, não?
Parabêns pelo espaço
Marisa